Em “O Perigo de uma História Única”, Chimamanda Ngozi Adichie alerta para os riscos de aceitar uma versão única dos fatos como verdade absoluta. Ela argumenta que, ao se repetir uma narrativa isolada, ela se torna a principal referência sobre um tema, apagando a diversidade de experiências. Isso se conecta com “o problema do conhecimento” de Pontes de Miranda, que questiona as limitações do que consideramos saber.
Adichie nos convida a enxergar o mundo com diferentes perspectivas, questionando como nossas certezas são moldadas por histórias parciais. Uma história única gera estereótipos e simplifica o complexo. No direito, vemos que, mesmo que as leis tentem ser objetivas e universais, são muitas vezes influenciadas por histórias dominantes, privilegiando algumas visões e excluindo outras.
A provocação é: como permitir que múltiplas histórias coexistam no processo jurídico? Se Pontes aponta que o saber é sempre incompleto, Adichie mostra que as narrativas são moldadas pelo poder de certas vozes. Isso indica que o direito deve ser aberto a diferentes interpretações, além da simples estabilização de regras.
Essa perspectiva sugere que o jurista é como um contador de histórias, que busca capturar a diversidade na aplicação da lei. O direito não é um sistema fechado, mas um campo que acolhe a pluralidade, onde a verdade é construída pela inclusão, e não pela imposição de uma narrativa dominante.
Adichie e Pontes nos fazem refletir sobre o que significa saber, julgar e decidir. Ambos alertam para os riscos de aceitar verdades únicas e reforçam a importância de buscar novas histórias e formas de ver o mundo. Em um contexto onde os absolutos são questionados, a diversidade nos ajuda a construir uma compreensão mais justa.
Livro: O Perigo de uma História Única
Autora: Chimamanda Ngozi Adichie
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2019
Foto: 1º Congresso de Direito Internacional da @oabaparecidago por Rogério Porto
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